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  Contagem, quinta-feira, 25 de abril de 2024.

Artigo - Investimento em pesquisa impulsiona a cadeia produtiva do alho

O modelo de agricultura, altamente baseado em ciência e tecnologia, colocou o Brasil em destaque como protagonista de uma verdadeira revolução na produção de alimentos, notadamente nos trópicos. Os desafios nas diferentes cadeias produtivas exigem respostas cada vez mais rápidas às demandas dos sistemas de produção e mercados cada vez mais competitivos e dinâmicos e claro, de uma sociedade cada vez mais informada e exigente. Assim, a nossa agricultura precisa responder a uma agenda de desenvolvimento fortemente centrada em soluções tecnológicas economicamente viáveis, ambientalmente adequadas e socialmente justas.

A cadeia produtiva de hortaliças é bastante dinâmica, onde importantes avanços têm sido observados nas últimas décadas, principalmente em termos de produtividade e qualidade do produto colhido, com uma maior regularidade na oferta dos produtos nas diferentes regiões do país. No caso do alho, uma melhoria no sistema de produção por meio de investimentos crescentes em tecnologias tem contribuído para o aumento da área plantada no país nos últimos anos com consequente contribuição da produção interna na oferta do produto.

Dados do IBGE apontam um crescimento de cerca de 23% na área plantada com alho no Brasil nos últimos anos, de 10,6 mil hectares plantados em 2018 para 13 mil hectares em 2021. Entretanto, neste mesmo quadriênio, a produção aumentou, em 67%, isto é, 118 mil toneladas em 2018 e 197 mil toneladas em 2021, evidenciando assim, um significativo aumento de produtividade obtido pelos nossos produtores. Vale ainda ressaltar a melhor qualidade do alho produzido nacionalmente em comparação ao alho importado, especialmente aquele oriundo da China.

Por outro lado, observa-se também uma redução significativa na importação de alho (fresco ou refrigerado), sendo que em 2020 importamos 193,5 mil toneladas a um valor de US$ 274,9, e em 2022, 119,6 mil toneladas a um valor de US$ 143,7 milhões (Comex/MDIC), com consequência no fortalecimento da cadeia produtiva, com geração de renda e principalmente postos de trabalho. Paralelo aos esforços para ampliar a participação no abastecimento interno, o país iniciou a desenhar um projeto de exportação onde se conseguiu levar o alho brasileiro para duas exposições importantes com a Fruit Attraction em 2022 (Espanha) e a Fruit Logistica em 2023 (Alemanha); uma oportunidade para identificar parceiros e estabelecer negócios no mercado internacional.

Embora significativos ganhos de produção e competitividade tenham sido observados nas principais regiões produtoras de alho, desafios adicionais como cultivares e sementes de alta qualidade, aspectos relacionados à nutrição e fertilidade do solo, controles eficientes (e mais sustentáveis) de pragas e doenças, práticas de conservação e armazenamento, dentre outros, ainda devem ser priorizados pelos diferentes atores envolvidos na cadeia produtiva.

Ainda, o alto custo de produção na cultura do alho, principalmente naquele setor mais empresarial, onde se tem uma agricultura mais tecnificada, tem preocupado não só estes produtores de alho como também a área da pesquisa agrícola. Neste aspecto, de acordo com o recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), realizado nas quatro principais regiões produtoras de alho no país, o custo de produção em 2022 ultrapassou os R$ 200 mil por hectare, valor este verificado na principal região produtora do país, em São Gotardo, MG. Vale mencionar que esta região, juntamente com Cristalina, GO, são as principais produtoras de alho do cerrado brasileiro e possuem as fazendas mais tecnificadas nessa cultura, diferentemente do alho produzido no Sul do Brasil, onde a produção tem origem em pequenas propriedades com menos acesso às tecnologias.

E como atender a estas diferentes (e recorrentes) demandas da cadeia produtiva? Os gastos em pesquisa agrícola realizados por instituições públicas (Embrapa e empresas de pesquisa estaduais, universidades etc.) têm sido, anualmente, reduzidos a cada ano, apesar do reconhecido retorno que esta pesquisa agrícola tem contribuído em nosso país. E qual o papel e a importância das instituições públicas de pesquisa nesse contexto? Um bom exemplo da contribuição da pesquisa pública na cadeia produtiva do alho foi a tecnologia do alho-semente livre de vírus (ALV), capitaneada pela Embrapa Hortaliças, com a contribuição de parceiros, que mudou o panorama da produção de alho no Brasil; os impactos positivos, representados pelo aumento de produtividade que pode chegar a mais de 50%, devem-se à esta técnica a qual é baseada em um processo de limpeza para eliminação de vírus e outros patógenos do alho.

E as empresas privadas e ou produtores também podem atuar no segmento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)? Sim, e devem! Não só na identificação de demandas, mas também na elaboração e coparticipação de projetos voltados à melhoria da cadeia produtiva, neste caso, do alho. Ainda, seria possível pensar em divisão de áreas de atuação (pesquisa básica versus aplicada), na qual complementam-se os gastos privados com gastos de instituições estatais, isto é, harmonizar os papéis de modo que caminhem para um resultado que a cadeia produtiva do alho almeja?

Os resultados alcançados, seriam frutos principalmente dos esforços dos agricultores, na busca por tecnologia e gestão, e do trabalho das instituições de pesquisa, universidades e empresas no desenvolvimento e disseminação dessas práticas. Esta sinergia, sem dúvida, é imprescindível para a melhoria de toda a cadeia produtiva com consequência no desenvolvimento econômico e social das cidades, trazendo indústrias, serviços, comércio e muitas opções de emprego que não estão diretamente relacionadas à cadeia em si.
Nos Estados Unidos, as organizações de produtores, as cooperativas, os grupos de commodities e as frentes parlamentares atuam forte e constantemente na valorização da agricultura, usando instrumentos variados de financiamento de programas de promoção agropecuária. Dentre eles, destacam-se os programas de contribuição compulsória para promoção, pesquisa e informação de produtos agropecuários, conhecidos como Checkoff.

Algo nessa mesma linha aqui no Brasil, em um exemplo inovador, quase pioneiro na cadeia das hortaliças, tem sido praticado, com certo êxito, pela Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), com seus 1.200 associados espalhados em todo o país. Por meio de seu, recém criado, Conselho de Pesquisa, o qual é responsável pelo levantamento das demandas da cadeia produtiva do alho e pela elaboração de editais de pesquisa, tem permitido que empresas, universidades e instituições de pesquisa, possam executar projetos e ações de P&D em todo o país, com demandas claras de temas e com resultados promissores à toda a cadeia produtiva do alho.

Para isso, com uma rede de parceiros públicos e privados, a Anapa disponibiliza parte dos recursos pagos pelos seus associados à pesquisa nacional, contribuindo assim, para o desenvolvimento do setor e garantido cada vez mais competitividade ao produtor brasileiro, que é um dos objetivos centrais desta associação juntamente com a defesa comercial. O retorno desse investimento é alcançado em maior produtividade e maior qualidade do alho brasileiro. Ressalta-se que, além de aplicar recursos próprios, a associação também tem sido a responsável pela articulação junto a órgãos governamentais, como foi o apoio recebido do Ministério da Agricultura para viabilizar o repasse de um milhão de reais dos cofres públicos para a Embrapa investir em pesquisas, especialmente na multiplicação de alho-semente livre de vírus e contribuir para a revitalização da cultura do alho no Espírito Santo e Paraná.

Finalmente, todo o esforço na área de Pesquisa e Desenvolvimento tem sido decisivo para o aumento da produção brasileira, que hoje atende 65% do mercado nacional, segundo dados do Panorama de Mercado de 2022 da Anapa. Portanto, não é exagero dizer que o Brasil saiu da posição de importador para grande produtor de alho graças às pesquisas e à determinação dos agricultores em seguir com essa cultura apesar de todas as suas adversidades, como já mencionados os elevados custos de produção bem como a luta constante contra a concorrência desleal com os importados, especialmente aqueles que vêm da China.


Warley Marcos Nascimento - Chefe-geral da Embrapa Hortaliças

Patricia Pereira da Silva - Coordenadora de Pesquisa da Anapa

Marco Antônio Lucini - Presidente de Honra da Anapa

Rafael Jorge Corsino - Presidente da Anapa

 

Fonte: Embrapa Hortaliças


Notícia de 23/03/2023.

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